O carnaval é a festividade mais popular do Brasil, sua origem é datada entre os séculos XVI e XVII e até hoje encanta muitos foliões. Foi por volta do século XX que a prestigiada comemoração influenciou o surgimento do samba e das manifestações de clubes locais, sociedades carnavalescas e bailes que resultaram nas famosas escolas de samba e seus deslumbrantes desfiles que conhecemos hoje.

Nos últimos anos, além destes desfiles com cobertura e transmissão televisionada, os bloquinhos de rua por todas as cidades do país ganharam repercussão nacional e mundial, atraindo cada vez mais pessoas para festejar ao ar livre. São Paulo e Rio de Janeiro se tornaram destinos desejados e disputados, além de outras cidades tradicionais em relação ao carnaval de rua, como a Bahia, com seu conhecido Olodum, escola e banda de tambores afro-brasileiro da cidade de Salvador.

A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) estimou que o faturamento do carnaval de 2020, em âmbito nacional, bateria 8 bilhões de reais e regionalmente os valores seriam: Rio de Janeiro R$ 2,68 bilhões, São Paulo R$ 1,94 bilhão e Bahia R$ 1,36 bilhão, com uma concentração, portanto, de mais da metade da movimentação financeira nacional nessas três capitais do samba, como consequência desta festa nacional. Continuando essa análise, trazemos um levantamento da FGV (Fundação Getúlio Vargas) sobre o impacto econômico do carnaval de 2019 na economia do Estado do Rio de Janeiro, em que é mostrado um fluxo de um milhão e meio de turistas na cidade e uma ocupação da rede hoteleira em mais de 90% durante o período festivo.

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Em 2021, não foi possível a realização dos eventos relacionados à festividade de forma plena como de praxe com a abertura dos sambódromos, com os desfiles das criações carnavalescas das escolas de samba, as reuniões de confecção de fantasia e carros alegóricos nos barracões, os trios elétricos de cantores e cantoras, bloquinhos de rua, viagens, alimentação em restaurantes e deslocamento pelos transportes públicos.

Sendo assim, muitos setores e profissionais envolvidos com a celebração foram direta e indiretamente prejudicados, dentre eles podemos citar: costureiras, artesãos, artistas plásticos, ambulantes, passistas, dançarinos, cantores, profissionais técnicos e os setores de hotelaria e turismo. Segundo o Jornal Folha de São Paulo a quantia financeira que o Brasil deixou de arrecadar para a economia foi algo próximo a R$ 8 bilhões – valor movimentado em 2020. Já a CNC, traz que pelo menos 25 mil empregos temporários também deixaram de ser criados por conta da pandemia de COVID-19.

carnaval (confetes no chão)


Algumas prefeituras, governos e entidades locais se organizaram para minimizar o impacto econômico e cultural da não realização do carnaval. Algumas escolas de samba do Rio de Janeiro como Beija-Flor, Viradouro, Mocidade e Grande Rio, foram contempladas com R$ 150 mil a partir de editais lançados pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa, diretamente relacionados com a Lei Aldir Blanc, visando auxílio aos eventos online e facilitando a escolha de sambas-enredo.

A previsão é de que o pagamento seja feito por parte do governo, na segunda quinzena de março, e o objetivo desse orçamento é que custeie as lives e o cachê de todos os trabalhadores envolvidos. Lembrando que, a Lei Aldir Blanc foi regulamentada em junho de 2020, pelo governo federal, devido a necessidade emergencial de apoio à cultura, que sofreu grandes perdas com as medidas de restrição e isolamento social em virtude da pandemia de COVID-19.

Mais uma vez, temos uma amostra da real importância do fomento à cultura e aos segmentos que se relacionam com ela. Já os recursos provenientes do FEC (Fundo Estadual de Cultura), através de editais lançados nesta quarta-feira (17 de fevereiro) no valor de R$ 1,5 milhão, complementarão a renda dos profissionais que atuam em oito escolas de samba do Rio.

Outra medida de incentivo idealizada, desta vez, pela Prefeitura de São Paulo por meio da Secretaria de Cultura, foi a organização do evento “Festival Tô Me Guardando”, fazendo referência a música de Chico Buarque “Quando o carnaval chegar”.

O festival consiste em um evento carnavalesco virtual, com direito a shows, exposições, vivências, bate-papos, oficinas e intervenções artísticas. Afinal, o momento sanitário do país ainda pede o resguardo dos cidadãos e decisões preventivas das esferas públicas que privilegiem a saúde e o bem-estar da população, ou seja, a mensagem a ser transmitida por este festival é: melhor esperarmos 2022 para termos uma festa presencial de tamanha proporção de público nacional.

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O “Festival Tô Me Guardando” foi lançado por meio de um edital publicado no Diário Oficial da Cidade de São Paulo, entre final de janeiro e começo de fevereiro, convocando blocos e agentes culturais interessados em propor ações online e possibilitou a contratação de 100 blocos carnavalescos e a organização de 200 encontros de vivências relacionadas ao Carnaval. Os cachês divulgados pelo edital foram de R$ 3 mil e R$ 1 mil, respectivamente, para cada atividade selecionada. Foram priorizados dentre os inscritos, blocos da periferia da cidade, considerando o tempo de atividade das agremiações e envolvimento com pautas sociais.

As apresentações do “Tô Me Guardando” começaram na última sexta-feira, dia 12, e acontecerão até o dia 28 de fevereiro, último domingo do mês, sendo cada transmissão  realizada pela rede social do/a artista ou grupo cultural. A programação completa pode ser acessada diretamente pelo site.

Levando-se em consideração os fatos mencionados e analisados, podemos concluir que o carnaval é uma festividade que tem relevância, não apenas para o desenvolvimento da cultura brasileira, mas, inclusive, para a economia nacional, afinal, implica no fomento de milhares de empregos, bilhões de reais aos cofres públicos e retorno social e cultural para a população.

Como dito anteriormente, o cancelamento do carnaval deste ano de 2021, provavelmente resultará em um prejuízo de cerca de 8 bilhões de reais para diversos setores, atingindo profissionais desde cantores e dançarinos, até profissionais envolvidos nas atividades de turismo, como restaurantes e hotéis.

Por isso, medidas de incentivo tais como o auxílio da Lei Aldir Blanc para algumas escolas de samba do Rio de Janeiro, e o FEC (Fundo Estadual de Cultura) para outras, são essenciais para manter a tradição carnavalesca viva e auxiliar os trabalhadores que tiram seus maiores rendimentos a partir do carnaval. Enquanto não podemos sair na rua alegres e fantasiados para comemorar, é possível aproveitar os diversos eventos online que estão acontecendo. Por fim, é primordial apoiarmos ações artísticas e culturais, pois estas atividades não funcionam apenas como entretenimento, mas movimentam toda a estrutura social e econômica brasileira.

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