Quando pensamos em uma manifestação artística nem sempre refletimos sobre toda a organização envolvida para que ela de fato aconteça e seja um produto cultural disponível para a população.
Quantas vezes você ouviu falar sobre produção cultural relacionada à fotografia, por exemplo? Há bastante material sobre os fotógrafos e as fotos em si, mas e quem produz as mostras e os festivais?
Produção brasileira
Buscando apoio na área, nos deparamos com um material intitulado “O fazer cultural na fotografia brasileira”, de 2011, feito pela Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil (RPCFB).
A Rede é um desdobramento de outros movimentos do campo da fotografia que se iniciaram nas décadas de 70 e 80, como a União dos Fotógrafos de Brasília (UFB) e outras mobilizações culturais como as Semanas Nacionais de Fotografia criadas pela Funarte.
Durante a 5° edição do Festival Paraty em Foco, em 2009 – o mais antigo festival internacional de fotografia no Brasil -, foi idealizada uma carta no I Encontro de Agitadores Culturais da Fotografia no Brasil. O documento, denominado “Carta de Paraty”, evidenciava a necessidade de maior apoio governamental às práticas relacionadas à fotografia no país.
Por causa dessa carta, em 10 de fevereiro de 2010 os representantes da Rede junto ao Luis Herência, na época secretário de Políticas Culturais, Micaela Neiva, ex Secretária Executiva do MinC (Ministério da Cultura) e Juliana Nolasco, antiga Coordenadora dos Negócios da Cultura, pautaram um encontro em Brasília para a realização de uma pesquisa quantitativa das iniciativas culturais na área.
Neste encontro, por volta de 100 produtores culturais de todas as regiões do país, se organizaram em GT’s (Grupos de Trabalhos) e se debruçaram em questões relativas às políticas públicas nos campos da memória, preservação de acervos, formação, projetos socioculturais, produção, difusão, crítica, pesquisa e curadoria. Atualmente, a Rede possui 300 filiados, representando 101 iniciativas culturais, em todos os Estados Brasileiros e no Distrito Federal.
O mercado de arte e fotografia
No material anteriormente citado, “O fazer cultural na fotografia brasileira”, um dos capítulos relata acerca do surgimento das galerias especializadas em fotografia em São Paulo. A primeira galeria de Fotografia na capital paulista foi a Galeria Fotóptica, criada por Rosely Nakagawa e Thomaz Farkas, em 1979.
No compilado de textos, Rosely revela que um dos intuitos da galeria era a inserção da fotografia brasileira no mercado de arte, além da difusão da prática artística, sendo assim um projeto pioneiro na comercialização de fotografias.
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A galeria passou por muitos momentos atuando dessa maneira, em diversos segmentos culturais, como por exemplo, na noite de abertura do espaço, a exposição em pauta trouxe reflexões sobre o fotojornalismo das revistas Veja e IstoÉ.
Em paralelo, sob a direção de Rosely, foram realizadas exposições individuais de grandes fotógrafos, alguns vinculados ao universo do cinema e outros que se envolviam com as artes gráficas. Houve também um período em que funcionou, concomitantemente no endereço da galeria, a revista “Novidades Fotóptica”, editada por Moracy de Oliveira.
Até 1967, a revista tinha um caráter mais jornalístico, além de servir como vitrine para produtos da empresa Fotóptica; já em 1970, o formato de revista foi adotado com a entrada de alguns ensaios autorais, portfólios de fotógrafos e textos analíticos para a publicação. Em síntese, a relação entre a revista e a galeria gerava intercâmbio cultural e alimentava tanto a produção escrita quanto a produção visual.
Foi, portanto, na década de 70 que a revista ganhou destaque nacional, em paralelo ao momento de ampliação da popularidade da fotografia no Brasil. Simultaneamente, as exposições de fotografias estavam se desvinculando de aplicações à publicidade ou jornalismo e entravam no campo da experimentação e da criação livre.
Recentemente o IMS (Instituto Moreira Salles) disponibilizou de maneira online todas as 136 edições da revista Novidades Fotóptica, o conteúdo pode ser acessado pelo LINK.
Percebemos que muitas vezes a insatisfação em relação ao cenário cultural é o que estimula encontros que se desdobram em ações concretas, que por sua vez, viram grandes marcos da história artística, revolucionando o fazer cultural, abrindo caminhos para os mais jovens e para novas ideias.
Porém, acreditamos que a participação ativa dos agentes do setor cultural é necessária para fomentar reuniões de debate e pesquisa, criando assim, uma cadeia produtiva acessível e democrática, que atenda os anseios dos trabalhadores da arte e propague o máximo de manifestações artísticas possíveis.
Em suma, o breve relato sobre o primeiro espaço especializado em fotografia de São Paulo e a organização da Rede, demonstram a extrema importância dos produtores culturais na sociedade e a posição estratégica dos artistas no mercado de arte.
Destacamos o papel fundamental da Rede em conectar diversos profissionais da fotografia brasileira interessados em organizar o histórico dessa arte no país e propor modelos de incentivos ao setor, novos projetos de alcance nacional, ideias de mostras, festivais e debates, incentivo a crítica, teoria e curadoria.
Além disso, o mercado de fotografia caminha ao lado do mercado de arte, muitas vezes juntos ou estimulados um pelo outro, por isso é importante que os fotógrafos se posicionem, procurem seus espaços, se comuniquem, criem relacionamento, divulguem seus processos, invistam em seus trabalhos acreditando no potencial de fazer parte de exposições, de museus e de galerias.
As plataformas digitais são um grandes aliados nesse ponto, principalmente o Instagram, que é uma rede social que aposta muito na visualidade e no impacto da imagem, ademais as interações com o público valorizam as obras e desenvolvem grande vínculo entre o artista e o apreciador.
Vamos pensar então sobre as possibilidades de ação que temos? Como produzir seu trabalho artístico na intersecção de mercado e marketing digital? Se você, fotógrafo(a), quiser estudar sobre mercado, importância do artista, posicionamento nas mídias, venda online e galerias, a ArtCult vai oferecer um curso gratuito. Uma super oportunidade! Para fazer parte acesse o nosso instagram, clique no LINK e realize sua inscrição!
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