O relatório de análise do mercado da música do ano de 2018, realizado pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês) e pela Pro-Música (entidade que reúne as maiores empresas de produção musical fonográfica em operação no País), constatou que o Brasil cresceu 15,4% no mercado musical, sendo superior à média dos outros países de 9,7%.

Segundo o jornal O Globo, o que impulsionou o desempenho brasileiro foi os meios digitais, como as plataformas Deezer, YouTube e Spotify.

Analisando esse número positivo que demonstra a aliança benéfica entre as mídias digitais e a música, compreendemos como a indústria é constituída por uma gigante cadeia, que é formada por produtores, compositores, músicos e principalmente pelos consumidores. Estes, mais do que nunca, possuem novas possibilidades de acesso às produções artísticas.

Dessa forma, é de se esperar que, além da variedade de público, também exista uma diversificação dos agentes principais, para isso olharemos como está a atuação das mulheres no mercado musical brasileiro.

O DataSim (Núcleo de pesquisa e organização de dados e informações sobre o mercado musical) pretende averiguar a música como agente de construção de identidade, agente de transformação social e agente de desenvolvimento econômico. Ao longo do ano de 2019, o núcleo pesquisou a participação feminina na indústria da música, buscando entender os obstáculos e as oportunidades.

A metodologia da pesquisa se deu por um questionário de 94 perguntas destinadas a diversas carreiras na música, tais como, distribuição musical, direitos autorais, produção, curadoria, marketing, comunicação, ensino de música e outros segmentos.

O primeiro dado apresentado pelo relatório é em relação à participação regional, o sudeste se destacou com 72,4%, sendo, portanto, a região que mais colaborou para o estudo. As principais cidades foram São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Em relação ao vínculo profissional, 24.84% trabalham pelo modelo CLT, 23.20% são freelancer e 22.71% atuam como empreendedoras. Além disso, 60.54% têm o mercado musical como a principal renda e dentro desse aspecto, as empreendedoras lideram essa autossuficiência no setor, ou seja, empreender na indústria musical é uma possibilidade inovadora perante aos modelos tradicionais de relação trabalhista e que apresenta uma boa resposta financeira.

Outra informação interessante é sobre as redes sociais, 96.7% afirmam a utilização das mídias como ferramenta para expandir o networking, agregando novos contatos profissionais.

Aprofundando na questão de gênero atrelada a vida profissional, 84% das participantes disseram ter sofrido discriminação por ser mulher e 61.7% avalia como negativa a desproporção entre homens e mulheres no trabalho. Dentre os problemas enfrentados, os maiores são a sobrecarga, o assédio sexual e o assédio moral. Para tentar reverter essa situação e amenizar os efeitos do machismo estrutural, 59,6% declararam que contratam mais mão de obra feminina.

Como o mundo virtual pode ajudar na autonomia das artistas?

Refletindo sobre as formas de engajamento e equidade de oportunidade, a ArtCult visualiza o meio digital como uma das possibilidades de divulgação artística feminina e inserção das mulheres no mercado de trabalho.

A força de disseminação e viralização que as redes sociais possuem são capazes de trazer autonomia para as artistas, já que, seus trabalhos podem ser amplamente divulgados, há a possibilidade de construção do networking e o espaço virtual tem ferramentas de vendas e shopping, que concentram e facilitam a oferta de bens e serviços culturais e artísticos.

Em síntese, estar presente com a sua produção de arte nas plataformas digitais, te faz autor e responsável pela sua própria carreira, te conecta com públicos que talvez apenas no mundo offline não acessariam suas obras, projetos e trabalhos, e otimiza seu crescimento e retorno financeiro.

Dessa maneira, fomentar o uso das redes sociais por artistas inspira a democratização de acesso e de produção, constrói novas formas de se relacionar com o mercado de arte e gera outras fontes de sustentabilidade.

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