A arte possui como característica intrínseca à sua produção, a efemeridade. Um espetáculo de teatro ou uma apresentação circense é momentânea, feito em um determinado espaço, com certos artistas e um público específico, mesmo que ela se repita algumas vezes, não se repetirá para sempre e cada vez será diferente.

Então, um dos desafios de perpetuar a arte é como construir a memória sobre ela e de que maneira lutar para que ela seja preservada.

O exemplo que analisaremos é o Centro de Memória do Circo, espaço fundado em 2009 no prédio da Galeria Olido, localizado no centro da cidade de São Paulo. O Centro de Memória do Circo é a primeira instituição brasileira destinada exclusivamente à cultura circense no quesito de preservação e difusão da história do circo. Sua instalação no Largo do Paissandu é fortemente simbólica, afinal o território é a principal referência do circo brasileiro no século XX.

As principais metas do centro são a promoção de mostras fotográficas, exposições, publicações, debates, mesas redondas, palestras, oficinas e cursos com o tema circo. Também se empenham em registrar e disponibilizar memória oral do circo brasileiro, além de realizar pesquisas temáticas sobre a história do circo.

Atuam na reunião, organização, preservação e disponibilização de acervos provenientes do circo, e por fim, constroem e disponibilizam biblioteca, videoteca, musicoteca, iconoteca, entre outros conjuntos, que abordam o universo circense.

Presença da Arte no Mundo Virtual

Mágico se apresentando no circo

Recentemente o Portal do Governo publicou uma matéria informando que a Secretaria de Cultura e Economia Criativa  do Estado de São Paulo recebeu um público total de 24.230.982 nas ações realizadas em formato virtual dos espaços culturais e projetos artísticos do governo do Estado durante o ano de 2020.

Segundo o informe, foram 12.904.452 no que tange às ações da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico, 7.292.915 referentes aos projetos da Unidade de Difusão Cultural, Bibliotecas e Leitura e 4.033.615 nos programas da Unidade de Formação Cultural.

É notável o interesse dos brasileiros em continuar o consumo de arte e de cultura mesmo à distância, por isso os espaços culturais marcaram presença no digital e se empenharam em produzir uma variedade de conteúdo que mantivesse seu público ativo e participante.

O Centro de Memória do Circo, por sua vez, está presente em 3 redes sociais, podemos acompanhar o potente trabalho deles a partir do Facebook, em que matérias sobre o espaço são veiculadas, além da divulgação da programação e realização de lives, como, por exemplo, o CarnaCirco, evento que uniu o circo e o carnaval de maneira virtual para que o público pudesse acompanhar de casa durante o período de isolamento social.

Há também engajamento no YouTube, com vídeos desde “Picadeiro em Casa” até produções audiovisuais de podcasts e stop motion. E, por fim, o instagram que reúne algumas memórias do centro circense, como encontros que aconteceram, programações antigas e divulgação de novas lives, formações, debates e visitas mediadas.

No site também é possível visitar virtualmente o ambiente e espiar algumas exposições que contam a história do circo e refletem sobre a cultura circense.

Esse mecanismo de disponibilizar o acervo e abrir o espaço físico para o público digital foi muito comum principalmente para os museus e as galerias de arte, porém todos os espaços culturais que trabalham com diversas manifestações artísticas podem e devem pensar nas mais variadas estratégias de comunicação e interação com o público, afinal mesmo a distância ainda somos artistas, amantes da arte, consumidores de cultura.

Por isso, cada vez mais as instituições que desenvolvem ações na área da arte e da cultura devem se atentar aos interesses e desejos do público, além de notar em quais plataformas digitais sua atuação pode ser mais potente e oferecer conteúdo de valor, isto é, propostas que valorizem o conhecimento e a conexão. Não apenas os artistas devem trabalhar o marketing digital para divulgações artísticas, mas também os museus, as galerias, os marketplaces, as casas de cultura, os espaços independentes e assim por diante.

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