O artista é, antes de mais nada, um articulador de saberes. Atuar artisticamente não envolve apenas a produção na linguagem escolhida, já que a partir dos estudos, das relações que se estabelecem com os outros, das experiências que vivencia e do desenvolvimento da imaginação, o profissional da arte consegue integrar diversas áreas e se fazer presente em mais de um ponto da cultura.
Foi assim que Ismael Ivo se destacou não só no Brasil, mas no mundo. Bailarino e coreógrafo nascido em São Paulo começou sua trajetória profissional por volta da década de 80, se apresentando em alguns espaços culturais, como o Carbono 14, casa noturna localizada na rua 13 de Maio.
Já em 1982, com Klauss Viana à frente do Balé da Cidade de São Paulo, o artista participou de uma produção importantíssima chamada “Bolero”.
Após isso, Ismael Ivo brilhou internacionalmente. Em 1983, conheceu o coreógrafo Alvin Ailey e foi para o exterior como bolsista e no ano seguinte fundou com este novo parceiro, o festival de dança contemporânea ImPulsTanz em Viena, considerado um dos maiores e mais importantes festivais internacionais de dança da Europa.
Aderindo ao exterior como sua nova morada, desenvolveu trabalhos solos e durante alguns anos foi diretor da companhia German National Theater, na cidade alemã de Weimar, sendo o primeiro negro e estrangeiro neste cargo. Durante oito anos, dirigiu o Festival de Dança de Viena e o setor artístico de dança da Bienal de Veneza.
Quando retornou ao Brasil em 2017, Ismael Ivo coordenou o Balé Da Cidade De São Paulo e foi curador do Programa de Qualificação em Artes de Dança de São Paulo.
Infelizmente, Ismael Ivo morreu no dia 8 de abril de 2021 devido à COVID-19. Uma grande perda para os brasileiros e para o cenário cultural.
As parcerias em projetos e o Networking Artístico
Sua vasta biografia demonstra que Ismael construiu uma sólida carreira profissional e que se disponibilizou a diferentes funções no campo artístico, por isso, conseguiu diversificar sua produção e ter contato com outros artistas, por vezes de linguagens distintas, o que é muito interessante tanto do ponto de vista cultural, quanto estratégico.
O dançarino criou em conjunto com Marina Abramovic, performer sérvia, Heiner Müller, dramaturgo alemão, Yoshi Oida, ator e diretor japonês, o pianista e compositor Fábio Caramuru, além de muitos outros nomes.
Essa extensa e múltipla rede de contato, ofereceu novas perspectivas à Ismael Ivo, elevando, transformando, questionando e fortalecendo sua arte. Devemos sempre lembrar que um artista, ainda que pratique uma linguagem solo, nunca está sozinho.
Vivemos em uma grande cadeia e produzimos artisticamente para muitas pessoas, assim é natural que as relações de troca e diálogo estejam presentes também na forma de criar.
A riqueza de encontrar parcerias e produzir materiais que possuem variadas referências da arte é uma tendência contemporânea muito próspera e criativa. A possibilidade da integração e da multiplicidade aguça os sentidos e aprofunda o conteúdo idealizado pelos artistas, cativando mais audiência e chegando a novos horizontes.
Não atoa, nós da ArtCult, gostamos de destacar como criar relações, seja com o público, seja com outros profissionais da arte, pode ser vantajoso e instigante. O networking artístico é essencial, principalmente em momentos de incerteza como o que estamos passando, para oferecer suporte e ser base na continuação dos trabalhos.
Então, já pensou com qual outra linguagem artística você poderia conversar? Quem são as pessoas que tem um trabalho que você acredita ser próximo ao seu? Quais as possíveis colaborações? Além disso, perceba como os meios digitais podem ser um canal de comunicação acessível e um ótimo construtor de pontes!
Siga suas inspirações e referências, esteja engajado também nos processos dos seus semelhantes, invista no seu branding e no posicionamento e, por fim, esteja aberto a convites, ou seja você mesmo o idealizador e proponente de parcerias.
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