Hoje continuamos nossa Série Agentes do Sistema da Arte. Já falamos aqui sobre residências artísticas, feiras de arte nacionais e internacionais, bienais, e curadoria de arte, e hoje falaremos sobre os museus.

De acordo com o ICOM (Conselho Internacional de Museus):  “Museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, estuda, expõe e transmite o patrimônio material e imaterial da humanidade e de seu meio ambiente com fins educacionais e de deleite.”

Dentro do sistema da arte, fazem parte da instância institucional, a qual é a mais importante do ponto de vista informativo e educativo, visto que é através dela que o público tem contato com a obra.

Esses agentes são os mais importantes para o acesso do público à arte, devido aos setores educativos. Eles atuam na preservação, pesquisa e exibição das obras, além de proporcionar o lazer, a contemplação e a educação do público.

Foto Museu Afro Brasil

Os museus podem ser públicos, como o Museu Afro Brasil, sendo administrados pelo governo municipal, estadual, federal, ou uma parceria público-privada; ou privados, da onde as obras provém de um ou mais colecionadores, e a coleção é formada de acordo com os gostos do colecionador, sem necessariamente analisar o interesse público.

Essas instituições não se limitam somente à área artística e cultural, podendo ser também históricos, de cidades, nacionais, científicos, biográficos, temáticos, militares, antropológicos, comunitários, tecnológicos e interdisciplinares.

Foto Museu da Língua Portuguesa

Surgimento dos Museus

Na Idade Média, a Igreja e os senhores feudais começaram a acumular diversos objetos de valor da época, como joias, manuscritos e esculturas. Já no século XV, a camada mais alta da sociedade e os sacerdotes, voltaram sua atenção a objetos da Antiguidade Clássica, porém essas coleções eram totalmente privadas e o público não podia visitá-las.

Gabinetes de curiosidades na Europa

No século XVI, surgiram na Europa os gabinetes de curiosidade, que eram grandes salas em palácios da alta sociedade com diversos objetos considerados exóticos e obras de arte. Essas coleções foram a base para os primeiros museus e os donos já permitiam a visita de viajantes e estudiosos, ainda que muito restrita.

Somente no século XVII, as obras passaram a ser expograficamente divididas de acordo com sua área de conhecimento, e, só no final do século XVIII, surgiram as primeiras instituições públicas, que continham coleções anteriormente privadas e permitiam as visitas do público.

Já no século XIX, houve a intensificação do papel educacional dos museus e uma maior organização dos objetos, com legendas e textos os acompanhando. Após a Segunda Guerra Mundial, houve a criação do ICOM e a ampliação da função social destas instituições.

O primeiro museu do Brasil, o Museu Real, no Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, foi criado em 1818 por Dom João VI, para estimular o estudo das ciências naturais. Atualmente, ele é vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e se chama Museu Nacional. Em 2018, um grande incêndio destruiu seu acervo quase todo.

Já o primeiro museu de arte do país foi o Museu Nacional de Belas Artes (MnBA), criado em 1937, no Rio de Janeiro. Reúne a maior coleção de arte brasileira do século XIX, e tem pinturas da coleção do chefe da Missão Artística francesa, Joaquim Lebreton, e de Dom João VI.

Apesar disso, o primeiro museu de arte moderna nacional foi o MASP, inaugurado em 1947 pelo empresário Assis Chateaubriand e que contou com o projeto expográfico inovador de Lina Bo Bardi, que retirou as obras da parede e as colocou em cavaletes de cristal. Um ano depois, foi inaugurado o MAM- SP, por iniciativa de Ciccillo Matarazzo, como um museu privado e sem fins lucrativos.

Foto Museu Nacional do Rio de Janeiro

Função Social dos Museus

Ainda que a função principal de museus seja contar a história da humanidade e registrar a evolução da sociedade, ele apresenta diversas funções sociais, como serem agentes de mudanças e desenvolvimento, e manterem a conservação de objetos culturais em segurança.

Além disso, têm um papel de formação de público e debate cultural, o que é muitas vezes auxiliado por programas e equipes de educativos, e de estímulo à democratização do acesso aos acervos, o que ainda é uma grande questão no Brasil por os museus serem vistos como locais elitizados.

Essas funções sociais vão de encontro com a transformação de grandes coleções particulares em museus, como o museu Guggenheim (Nova York-EUA), fundado por Solomon Guggenheim; o MAM/SP, que recebeu a coleção de Ciccillo Matarazzo; e o Isabella Stewart Gardner Museum (Boston- EUA), que recebeu a coleção da colecionadora homônima.

Os museus são agentes extremamente importantes para a democratização da arte, da cultura e do conhecimento, já que permitem o acesso do público aos objetos. Além disso, preservam, pesquisam e exibem parte da nossa história sob diferentes pontos de vista e áreas do conhecimento.

Continue acompanhando pois em breve falaremos sobre a função dos museus no mercado da arte.

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