O que são memes?
Segundo o Dicionário Popular, a expressão “meme” se refere a informações de fácil propagação e viralização. O humor e as frases engraçadas inseridas em diálogo com vídeos, imagens ou gifs, contagiaram os internautas e se tornaram uma linguagem popular no mundo digital.
Buscando através da história o surgimento dessa ideia, há uma ligação com o biólogo Richard Dawkins e o seu livro ‘O gene egoísta” de 1976. Neste escrito, Richard comenta sobre a seleção natural que ocorre por meio dos nossos genes e de sua replicação, traçando, portanto, um paralelo com a cultura e com a forma como comportamentos são passados de pessoa a pessoa, o meme seria esse gene da biologia.
Entendemos então que o meme pode ser altamente transmitido e difundido entre as pessoas, a partir das interações sociais, levando informações e em muitos casos gerando uma espécie de comunicação. O que acontece é a releitura de algum vídeo ou de alguma cena marcante que é compartilhada por um grupo e as referências daqueles integrantes se tornam uma camada a mais do material.
Esse fenômeno é tão importante e precisa ser estudado e valorizado, que um web museu foi criado, chamado justamente de Museu de Memes. Os criadores, ligados em sua maioria a universidades públicas do Brasil, como a UFF, perceberam a necessidade de registrar as publicações e os bordões propagados nas mídias digitais e debater sobre essa cultura que muitas vezes pode ser taxada de “bobeira” ou de inútil, mas que em muitos casos pode criar uma complexa rede de comunicação, sociabilidade e até influenciar campanhas de marketing de grandes empresas e ser caminho para muitas estratégias de conteúdo.
Como a arte se relaciona com os memes?
Os memes não tem uma temática específica, porém o mais comum é que eles surjam a partir de acontecimentos do momento e do que está em pauta agora. Por esse motivo, há muitas publicações que refletem debates políticos, como as recentes eleições, ou eventos nacionais, como o Enem, e também a arte! O diálogo que se dá entre meme e produção artística é extremamente potente, pois abala as estruturas hierárquicas que muitas vezes as obras de arte se encontram inseridas.
O meme pode tornar o deslocamento da arte na sociedade mais fluído e democrático, acessando mais pessoas, propondo novas maneiras de apreciação e se tornando um objeto mais comum em nosso dia a dia.
Uma página muito conhecida é a Artes Depressão, que se utiliza de quadros artísticos para falar sobre características de movimentos do mundo da arte, expor contradições, fazer piadas, festejar datas comemorativas e até ensinar história!
Esses posts que misturam temas da atualidade com obras de outros tempos, que recriam de certa forma a intenção da arte, possuem milhões de comentários, likes e compartilhamentos.
O engajamento do público em relação a essa categoria de conteúdo é muito nítido e reafirma que as pessoas estão interessadas em criar, consumir e difundir cultura. Além disso, os memes criam um imaginário comum, compartilhado pelas pessoas que estão presentes nas redes sociais, ou seja, é uma espécie de linguagem.
Outra página muito interessante é a Classical Art Memes com 895 mil seguidores, confere esse meme que intersecciona o Van Gogh, um pintor, o uso de máscaras, nossa atual prática e a pandemia, nosso contexto histórico:
Ao estabelecer esses recortes e colagens, o contexto é totalmente alterado e estabelecido por novas linguagens e saberes. O discurso, inclusive, se torna outro completamente diferente do inicial e essa proposta de apropriação que se transforma em uma elaboração estética e comunicativa só consegue existir com força devido à plataforma, que é a internet, o mundo virtual.
As ferramentas digitais reinventam a experiência artística, fazendo do público não apenas o receptor de uma ideia ou o contemplador de uma obra, mas agora participante, com poder de interferência, traçando direções, parâmetros e se envolvendo ativamente.
Os memes, portanto, conseguem evocar o caráter de coletividade em torno de uma visualidade impactante e de uma textualidade sintética, podendo funcionar como dispositivos educativos, políticos e artísticos.
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