Pensar em como viabilizar produções artísticas e culturais na contemporaneidade é uma grande pauta que precisa ser debatida. O avanço da economia criativa pelo mundo também traz desafios, afinal quanto maior a vontade de produzir bens e serviços no setor, mais meios e recursos são necessários para poder concretizar e difundir os projetos.

Para além dos pontos de apoio que sempre enfatizamos aqui na ArtCult, como os editais públicos e privados, as leis de incentivo, os concursos, prêmios, festivais e residências, temos também uma recente modalidade de financiamento que tem se mostrado relevante e importante no cenário artístico e cultural, o crowdfunding.

O que é e como funciona o crowdfunding?

O crowdfunding tem como definição geral o financiamento de uma iniciativa por uma grande quantidade de pessoas, é como uma vaquinha, só que potencializada pela rápida disseminação do mundo digital, as metas conseguem ser batidas com mais facilidade e realmente uma multidão consegue investir recursos para realizar o projeto de alguém.

O que se estabelece então como uma alternativa ao mercado mais formal de busca pelo capital, é uma experiência colaborativa, que encontra na internet uma possibilidade de alcançar diferentes pessoas, mobilizar dinheiro e proporcionar engajamento dos que aderem às campanhas.

Tomando como base os artistas e suas propostas artísticas, quem contribuir com alguma iniciativa do setor da economia criativa, pode ter retorno em dose dupla.

Geralmente, o retorno não é especificamente direto, mas sim uma retribuição ampla para a sociedade, afinal um bem cultural estará sendo produzido e após isso ficará disponível para qualquer pessoa acessar e apreciar, mas cada vez mais, tem se pensado também em alguma gratificação individual para aqueles que ajudam financeiramente as campanhas, como possíveis brindes.

Em geral, o funcionamento é simples, a pessoa entra em alguma plataforma disponível para a arrecadação, escreve a sua ideia, estipula um valor como meta e uma data final para o financiamento, a partir de então ela lança a proposta para o mundo, compartilhando com familiares, amigos e também ficando disponível no site para qualquer visitante poder acessar.

Algumas plataformas cobram uma porcentagem do valor como taxa, outras pedem um vídeo de apresentação e não apenas o texto escrito, há também o modo de tudo ou nada – caso você não bata a meta, não leva nenhuma parte do dinheiro – enfim há algumas regras específicas dependendo de onde for veiculada a iniciativa. As plataformas mais conhecidas no Brasil hoje são Catarse, Kickante e Benfeitoria.

A produção musical impulsionada pelo crowdfunding

Banda de músicos tocando

Os artistas do setor musical podem gravar álbuns, realizar shows e turnê, distribuir conteúdo e gravar clipes via financiamento coletivo, percebemos, portanto, que essa ferramenta do digital abre mais de uma oportunidade para os trabalhadores da arte e da cultura e realmente pode fomentar produções, criações e circulações de arte no território nacional.

Segundo o site de crowdfunding Catarse, 85.848 CDs foram financiados pela plataforma, R$ 19.439.083 apoiados para projetos de música e 146.792 pessoas apoiaram pelo menos 1 projeto de música.

Esses números comprovam que há mercado para as produções artísticas musicais se promoverem e se concretizarem, podendo ser uma opção inteligente de viabilização que considera a participação da sociedade. E em complemento, há interesse do público, dos consumidores em participar de tais ações de incentivo. Ou seja, os dois lados saem realizados do processo.

Como exemplo artístico, o Catarse destaca Liniker e Os Caramelows, uma banda que conecta a black music à música contemporânea brasileira e que recorreu ao financiamento coletivo motivados pela autonomia e forma independente de produção que o crowndfunding evoca.

É notável que o mundo digital e as ferramentas que começam a surgir a partir do viés da economia criativa, transformam as experiências de consumo e criação, instaurando uma relação diferente entre artista e público, dessa forma, um processo mais livre e coletivo pode ser uma tendência dos tempos atuais.

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