Quando é que poderíamos pensar na compra e venda de obras de arte de forma quase exclusivamente online?

arte em parede (índio)

Segundo pesquisa do Projeto Latitude, plataformas digitais, marketplaces e e-commerces, ainda que considerados canais de transações comerciais muito recentes ao falarmos de artes plásticas, foram essenciais para que a maioria das galerias do país conseguissem lucrar um valor igual ou superior no primeiro e no terceiro semestre de 2020, quando em comparação com o mesmo período de 2019.

Se no pré-pandemia os principais canais de compra eram as sedes das galerias e feiras de arte, nacionais e internacionais, durante a pandemia a maioria das vendas nacionais de obras de arte se deram e ainda estão se dando através de contato via Whatsapp, telefone, email e Instagram, além do aumento do fluxo de vendas nos sites das galerias e marketplaces direcionados às artes visuais. 

Marketplace versus E-commerce

Mas o que diferencia um marketplace de um e-commerce?

O e-commerce, na verdade, é uma página online direcionada a transações virtuais que intermedia compras e vendas pela internet. Se distingue das lojas virtuais por ter uma estrutura na qual, em geral, a venda e o atendimento ao cliente é feita de maneira virtual.

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Portanto, para que estas operações comerciais aconteçam, é necessário que a empresa tenha um site, um bom servidor, e, claro, um investimento em marketing digital. Desta forma, a loja virtual é apenas uma das partes que compõem um e-commerce e que facilita a entrega dos produtos para os clientes de uma empresa.

Já o termo marketplace, podemos dizer que é utilizado para designar um “shopping center virtual”: ou seja, é um espaço virtual que reúne diversas marcas e lojas, auxiliando o consumidor na escolha do produto que melhor lhe atende e com maior custo-benefício.

Os marketplaces são, portanto, plataformas digitais nas quais uma infinidade de lojas e e-commerces podem se cadastrar com a finalidade de viabilizar suas transações comerciais.

Assim, os marketplaces são facilitadores de compras e vendas online de produtos, servem como uma vitrine e colocam em contato os produtores – empresas fornecedoras de determinados produtos – e seus potenciais clientes. 

Para as empresas, o marketplace é simples de gerenciar visto que toda a estrutura de comércio virtual já está pronta, cabendo às mesmas somente se cadastrar e catalogar seus produtos.

Marketplaces e e-commerces brasileiros

arte plástica (obra de arte)

Aqui no Brasil, historicamente tivemos a Galeria Motor como a primeira galeria virtual do país,  desenvolvida em 2009, hospedada no e-commerce Submarino, fruto de uma iniciativa da galeria Nara Roesler em parceria com mais dez galerias brasileiras, como Luisa Strina, Luciana Brito e Raquel Arnaud.

A Galeria Motor direcionou seus esforços na venda de múltiplos para novos colecionadores e habitantes mais interioranos e afastados do eixo SP-RJ, que ainda hoje concentra as principais galerias do país.

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As obras que comercializava tinham valores entre R$ 500,00 e R$ 5.000,00 e, para que fosse possível desenvolver toda a estrutura necessária para sua operacionalização, foi feito um investimento de R$ 200.000,00, na época, para  sua implantação.

Atualmente diversas galerias apresentam loja virtual no próprio site e várias plataformas reunem galerias e artistas digitalmente. Dentre elas nós destacamos:

  • Artsoul: essa plataforma apresenta mais de 4000 obras de artistas contemporâneos e 79 galerias cadastradas. Seu site oferece diversas opções de busca e permite que o colecionador crie listas de coleções
  • Blombô: marketplace que vende diferentes tipos de arte: artes plásticas, fotografia, antiguidades e artesanato
  • Artluv: definida como uma ArtTech, ou seja, uma plataforma onde a arte está integrada com tecnologia e práticas de crescimentos ágeis, foi criada em 2015 como uma Startup, e foi o primeiro marketplace de arte do país. Atualmente atuam também com eventos, mentoria, educação, curadoria e exposições
  • Arteref: apresenta uma plataforma que oferece às galerias a possibilidade de criar um site dentro do seu portal e ainda realizar o marketing online. Neste espaço, as obras são apresentadas por categoria, valor e data, além de ser possível direcionar o cliente para a galeria. 
  • SP-Arte: por conta da pandemia do Covid-19, a feira de arte, inaugurada no ano de 2005, passou por uma transformação em 2020, primeiro ano que o evento não ocorreu de forma presencial. Para que a SP-Arte tivesse sucesso na sua primeira edição online, foi necessária a criação e o desenvolvimento de uma plataforma virtual de exposição e o aperfeiçoamento de um marketplace próprio, inaugurado em 2019, chamado de SP-Arte 365. Cerca de 90 galerias, nacionais e internacionais,  participaram deste evento, que durou de 24 a 30 de agosto. Uma das estratégias dessa edição da feira, foi dispor as galerias participantes no site do evento de modo arbitrário, sem nenhuma hierarquia. Uma curiosidade foi que a galeria Luisa Strina, uma das mais antigas e renomadas galerias de arte do país, não participou desta SP-Arte por decidir se dedicar totalmente às exposições individuais virtuais que estava desenvolvendo naquele período.
  • ArtRio: a feira, que teve início das suas atividades no ano 2011, também por conta da pandemia, acabou acontecendo de forma híbrida (virtual e presencialmente), em outubro de 2020. Assim como a SP-Arte, a ArtRio também tem um marketplace próprio, que oferece uma experiência para o colecionador de arte, através do qual é possível filtrar informações por artista, galeria, obra ou valor.

Marketplaces e e-commerces no exterior

Em outros países, como os EUA, a aquisição de arte online já ocorre desde os anos 1990, ainda que de forma tímida. Com a eclosão das compras pela internet na década de 2000, vários marketplaces surgiram ou se expandiram. Abaixo citamos algumas das principais plataformas internacionais:

  • Saatchi Art: uma das maiores galerias online do mundo, a Saatchi apresenta cerca de 500.000 obras, de mais de 60.000 artistas, e recebe mais de doze milhões de visualizações por mês no site;
  • Amazon Art: a empresa, considerada uma das maiores de tecnologia do mundo, apresenta nos EUA essa seção dedicada à venda de arte na qual é possível filtrar de acordo com diversas categorias;
  • Artsy: esta plataforma online reúne cerca de 1.000.000 obras de arte, arquitetura e design de 100.000 artistas que abrangem principalmente as artes moderna e contemporânea
  • Artspace: este marketplace tem parceria com diversos museus e artistas famosos. Em 2013 apresentava um acervo de mais de $100 milhões de artes a venda 
  • Artfinder: o site utiliza inteligência artificial e personal shoppers online para direcionar arte de acordo com o gosto de cada comprador e colecionador. Apresenta mais de 300.000 obras de mais de 10.000 artistas, com valores de até $11 milhões.

Devido a pandemia de Covid-19, o comércio online de artes plásticas se tornou vital para o mercado de arte e para a maioria das galerias do Brasil e do mundo.

Entre suas vantagens está a possibilidade de comprar obras de artistas geograficamente distantes à nós, além da facilidade de poder adquirir obras de arte de dentro das nossas casas. E você, pretende comprar alguma obra de arte online em 2021?

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