O sistema da arte é constituído por diversos agentes os quais formam uma cadeia interdependente. Hoje iniciamos nossa Série Agentes do Sistema da Arte, e falaremos sobre mostras e bienais.
As mostras e bienais fazem parte da instância institucional do sistema da arte, a qual é a mais importante do ponto de vista informativo e educativo, visto que é através dela que o público tem contato com a obra.
Esses agentes são, portanto, importantes legitimadores da produção artística já que podem ocorrer em instituições culturais, e na sua organização sempre estão os curadores, que exercem uma função de escolha dentre vários artistas e obras.
Mostras de arte
As mostras são a principal ferramenta de validação e circulação do artista, e podem ocorrer em diversos locais, como museus, galerias e espaços culturais. As exposições podem ser individuais, com somente um artista, ou coletivas, com obras de diversos artistas e um projeto curatorial e expográfico que faça com que elas conversem entre si.
As exposições podem ser temporárias ou permanentes, como no caso do acervo permanente do Masp ou do Inhotim, que sempre ficam expostos nos mesmos locais. Seu caráter pode ser institucional, como quando o acervo pertence a colecionadores ou instituições, ou comercial, que ocorre nas galerias e as obras ficam à venda.
Bienais de arte
No mundo da arte, o termo “bienal” designa não somente eventos que ocorrem de dois em dois anos, mas também, genericamente, outras exposições coletivas institucionais de grande extensão, localização definida e caráter internacional que podem ter periodicidade também de três, quatro ou cinco anos.
As bienais tendem a refletir não somente o que há de mais contemporâneo na produção artística, mas serem, ainda, um espaço plural que dialoga tanto com o lugar em que ocorrem quanto com questões do cenário político internacional, como colonialismo, canonização, resistência, hegemonia, empoderamento, raça, classe e gênero. Por isso, contam com artistas e curadores de diferentes etnias, países, mídias e idades.
Além disso, propõem novas leituras e interpretações sobre a arte, e lançam luz sobre novos processos artísticos e experimentações. São uma ferramenta poderosa na promoção de artistas, curadores e cidades.
Atualmente, há cerca de 240 bienais no mundo. O crescimento vertiginoso na quantidade de eventos deste tipo nas últimas décadas deve-se a uma associação da imagem das cidades que os sediam com arte e cultura, e um consequente aumento do turismo na região.
O primeiro evento deste tipo foi a Bienal de Veneza, cuja primeira edição foi no parque público Giardini. Ela serviu de modelo para todas as bienais que surgiram depois, e, atualmente, conta com uma exposição principal organizada por um curador-geral convidado, 30 pavilhões nacionais, além de outras estruturas menores.
Uma das mostras mais conceituadas do mundo é a Documenta de Kassel. Não por acaso ela foi fundada em 1955 em Kassel, na Alemanha, a fim de colocar o país de volta ao cenário mundial da arte após mais de uma década de perseguição dos nazistas a artistas modernos, dos quais as obras eram chamadas de degeneradas. O evento ocorre a cada cinco anos e aponta tendências na arte global.
No cenário nacional, a Bienal de São Paulo foi criada em 1951 por Ciccillo Matarazzo, empresário e fundador do MAM-SP, e se destaca como a segunda mais antiga do mundo, após a Bienal de Veneza. Desde sua segunda edição, em 1953, esta Bienal ocorre em um pavilhão próprio no Parque do Ibirapuera, na cidade de São Paulo.
Em 1962, a Bienal foi desvinculada do MAM, e passou a ser organizada pela Fundação Bienal de São Paulo, fundada também por Ciccillo Matarazzo.
A instituição apresenta um importante arquivo sobre arte moderna e contemporânea, organiza a exibição de recortes de exposições da Bienal por diferentes cidades do Brasil, e, desde 1995, idealiza e produz as representações brasileiras nas Bienais de Veneza de arte e arquitetura, além de escolher os curadores destes eventos.
A Bienal de São Paulo chama atenção por estar fora dos maiores centros de poder do mundo e, por isso, de dois em dois anos atrai muitos nomes importantes do mundo da arte para a América do Sul.
Outra bienal nacional é a Bienal de Artes do Mercosul, fundada em 1997 e sediada em Porto Alegre. Apresenta como missão o desenvolvimento de projetos culturais e educacionais na área das artes visuais, paralelamente aos interesses do mercado, e concilia interesses do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia.
As mostras e bienais estão entre as principais ferramentas de difusão da produção artística e contribuem para o enriquecimento do cenário artístico regional e global. Estão cada vez presentes em mais cidades e auxiliando não só na promoção de artistas de diferentes mídias, mas na expansão do mercado da arte.
Continue acompanhando pois no próximo artigo da série falaremos sobre os curadores e sua importância como legitimadores da produção artística.
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