Hoje continuamos nossa série sobre movimentos artísticos. Já falamos aqui sobre o Impressionismo, Pós-Impressionismo e Expressionismo, e hoje discutiremos a Arte Naïf.
A Arte Naïf, que em francês significa arte ingênua, se originou em 1886, quando o pintor francês Henri Rousseau expôs no Salão dos Independentes, em Paris. Este salão surgiu em 1884 como uma alternativa aos salões oficiais da Academia. Por reunir diversos artistas independentes, foi berço de outros movimentos modernistas, como o Fauvismo e o Cubismo.
Apesar das diversas críticas que Rousseau recebeu devido a ingenuidade de suas pinturas, seu trabalho chamou a atenção de artistas como Signac e Gauguin, e, posteriormente, de Kandinsky e Picasso. Os artistas naïves se opunham tanto às técnicas da arte acadêmica quanto aos seus contemporâneos vanguardistas, que eram os impressionistas e os pós-impressionistas.
Sua arte apresentava liberdade de expressão, e, por isso, a ausência de técnicas clássicas da pintura, como a perspectiva, a forma, a proporção e a composição das cores. Não por acaso, grande parte dos artistas desse estilo eram independentes e autodidatas.
Outras características são:
- Uso de cores vibrantes e alegres;
- Utilização de dimensão onírica;
- Temática comumente regionalista e/ou da natureza;
- Bidimensionalidade;
- Uso de simetria;
- Riqueza de detalhes.
Principais Artistas
Henri Rousseau (1844-1910) foi o principal nome da Arte Naïf. Pintor autodidata, recebeu muitas críticas de que seu estilo era infantil, e, por isso, somente poucos anos antes dele falecer suas obras vieram a ser valorizadas.
Seu uso de cores alegres, a riqueza de detalhes e a temática natural serviram de inspiração não só para os artistas naïves que o sucederam, mas também para pintores Simbolistas e Surrealistas. O artista também fez parte do movimento Primitivista, do qual falaremos nos próximos textos da série.
Anna Mary Robertson Moses (1860-1961), também chamada de Grandma Moses, foi uma artista americana que começou a pintar aos 78 anos de idade. Por ser autodidata, não se preocupava com proporção ou perspectiva, e representava tanto elementos da vida na fazenda, quanto da industrialização do país.
Ivan Generalic (1914-1992) foi um pintor croata que utilizava uma temática rural combinada com uma crítica política e social aos problemas de sua época. Suas obras eram consideradas anacrônicas, visto que não seria possível, por exemplo, um edifício de arquitetura moderna em meio a uma fazenda. Outros temas explorados incluem festas populares, trabalho rural e funerais.
Camille Bombois (1883-1970) foi um pintor francês, cujos primeiros trabalhos se baseavam em técnicas acadêmicas e pouco se destacaram. Após a Primeira Guerra Mundial, seus trabalhos passaram a ser de arte naïf e ganharam reconhecimento de críticos e colecionadores. Suas pinturas apresentam grande contraste de preto, vermelho, azul e rosa, e suas temáticas iam de paisagens ao circo.
Principais Artistas Brasileiros
Djanira (1914-1979) foi uma pintora, gravadora e desenhista muito influenciada por artistas modernos como Carlos Scliar e Milton Dacosta. Em 1939 começou a fazer aulas de pintura no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, e, em 1942, realizou sua primeira exposição, no Salão de Belas Artes. Ela expôs, também, em Nova York, Washington, e no que atualmente é o famoso Centro Pompidou, em Paris.
Chico da Silva (1910-1985) foi um desenhista e pintor que iniciou sua carreira nos muros e paredes de casas de pescadores. O artista foi descoberto na década de 1940 pelo crítico e pintor suíço Jean-Pierre Chabloz, que o ensinou técnicas com tinta guache.
Em 1945, expôs no Rio de Janeiro, e, em 1966, recebeu uma menção honrosa na Bienal de Veneza. Curiosamente, seus trabalhos nunca foram expostos na sua cidade natal, Rio Branco, no Acre.
Maria Auxiliadora (1938-1974) foi uma pintora autodidata. Começou a produzir em 1954, porém só pintou entre 1967 e 1974. Sua temática abrangia carnaval, festas populares, procissões, e nos seus últimos anos de vida, quando estava doente, passou a representar muitos funerais, ambulâncias e anjos.
Heitor dos Prazeres (1898-1966) foi pintor e compositor. Ele começou a pintar em 1937, de forma autodidata, e, por ser descendente de negros baianos e viver no Rio de Janeiro, suas obras apresentam rodas de samba, bailes, favelas, e rituais de candomblé. Em 1951, ganhou o 3º lugar entre os artistas nacionais na 1ª Bienal Internacional de São Paulo.
A Arte Naïf foi o primeiro estilo a romper totalmente com técnicas clássicas e abraçar a liberdade de expressão e o regionalismo. Posteriormente, influenciou o movimento Simbolista, com sua visão onírica, o grupo o Cavaleiro Azul, do movimento Expressionista, e as obras de Kandinsky, o qual propunha que a obra de arte era capaz de alcançar a espiritualidade.
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