O teatro é uma prática artística muito antiga, que passou por diversas transformações e foi reinventada ao longo do tempo, além disso, existem muitas vertentes que se desdobram a partir da premissa principal do teatro, contar histórias. Teatro do absurdo, teatro nô, commedia dell’arte, teatro de rua, teatro físico, todos esses exemplos constituem uma forma teatral com suas próprias regras e códigos.

No texto de hoje vamos pensar sobre o teatro de animação! Também chamado de teatro de formas animadas, o diferencial desse estilo é dar vida a objetos inanimados como máscaras, bonecos, sombras e objetos variados.

Tudo aquilo que seria chamado de “morto” em um teatro convencional e utilizado apenas como adereço cênico, no teatro de animação ganha expressão, vitalidade, protagonismo e desenvolve comunicação.

Até os anos 1950 as produções de teatro de animação buscavam esconder a mão do ator condutor, tendendo a criar uma ilusão em torno da figura do boneco, como se ele de fato fosse um ser autônomo, então a partir da década de 50 e 60, tal mecanismo de disfarce deu lugar ao compartilhamento do espaço cênico tanto pela figura do ator quanto pela figura do boneco, que criam juntos o universo teatral.

A prática contemporânea do teatro de animação passa pelo interesse de como os materiais podem adquirir diversos significados poéticos e servir a mais de uma finalidade, além de propor em cena processos de transformação, criação e destruição de imagens.

Também há bastante uso de recursos tecnológicos desde a criação de uma trilha sonora, ambientação, até o jogo de luz e as projeções. Vemos então, uma sequência de modificações, ora por experimentação e desejo estético e ora por necessidade. Atualmente, vivemos um período que exige da classe artística novas formas de olhar e de pensar a produção.

A reinvenção das artes no mundo pandêmico

Homem sentado no sofá com máscara no rosto e um notebook sobre a mesa

Com a pandemia de covid-19, o isolamento social e a restrição de circulação, os teatros foram muito impactados. Vários eventos e espetáculos foram adiados, reagendados ou então, realizado de maneira remota e virtual. Assim, uma nova demanda se estabeleceu para os artistas, como criar teatro, que é uma arte baseada na presença e no encontro, em um formato digital?

A questão da tecnologia possui muitos pontos a serem debatidos, mas no nosso caso devemos pensar como ela pode servir ao propósito artístico e cultural, fazendo com que este vença limites e consiga fruir para o público, principalmente em um momento atípico e caótico.

Notando essa dificuldade da linguagem e de um molde mais audiovisual, alguns grupos teatrais começaram a perceber no teatro de animação potencial para adaptação ao universo virtual, já que o foco não são necessariamente os atores e as atrizes, e sim, formas, materiais, objetos, luzes.

Os grupos que estavam fragmentados, com cada integrante em suas respectivas casas, sem poderem se encontrar presencialmente e ensaiar, encontram neste teatro uma maneira de repensar a criação, aderindo outra linguagem que funciona à distância.

Desse modo, os recursos que ganham destaque no teatro de animação também se fortalecem quando enquadrados no digital.

Além de facilitar a linguagem e se abrir como um campo de pesquisa, o online pode reunir interessados na prática artística para trocar experiências e ampliar o conhecimento.

Este é o caso da TV Mamulengo, que através de um canal no YouTube, produz conteúdos relacionados ao universo do teatro de bonecos, com entrevistas, reportagens e também coberturas de eventos que têm como pauta os direitos humanos e ações culturais.

O projeto existe desde 2014, mas foi em 2020, a partir da pandemia, que o canal também se tornou espaço de reunião dos bonequeiros de todo o Brasil.

Um dos desdobramentos das transmissões em vídeo, foi a criação de um grupo de WhatsApp para facilitar ainda mais as conversas e alimentar a aproximação dos profissionais do ramo artístico.

Percebemos, portanto, que a internet e seus múltiplos canais de comunicação têm sido essenciais na caminhada dos artistas, seja por propiciar a continuidade do trabalho, seja por apresentar novas linguagens e modos de fazer, e até conectar pessoas, movimentando assim o networking.

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